A grande diferença continua a ser sistémica e cultural.
Após mais uma experiência em campus por terras de Espanha, desta feita por um campus de verão organizado pelo Clube ACB Zaragoza Casademont continuamos a constatar que o que mais diferencia a prática da modalidade num país logo aqui ao nosso lado são questões de ordem sistémica/estrutural e cultural. A estrutura escolar e desportiva implementada em Espanha possibilita às crianças e jovens desde cedo, escola primária, ter contacto com o basquetebol de uma forma organizada permitindo que a modalidade alcance um numero elevado de crianças. Neste sentido estão implementados 3 níveis de atividade: Colégio (Sistema educativo, o que seria equivalente ao nosso desporto escolar) onde treinam de forma regular e realizam torneios em quase todos os fins de semana; Escuela (da responsabilidades dos clubes e que são o elo de ligação com o sistema educativo através da integração das suas equipas em quadros competitivos regulares); Cantera (com a prática da modalidade de forma regular, especializada e orientada de preparação para a competição). Em Portugal existe apenas o Desporto Escolar e Federado. O primeiro com pouquíssima ligação ao sistema federativo e o segundo abarca todos os níveis de prática.
Por outro lado, a cultura desportiva espanhola dos agentes desportivos, pais, treinadores, dirigentes, adeptos, revela um elevado conhecimento da prática desportiva em geral, não só do basquetebol mas também da importância e reconhecimento dos princípios inerentes a essa mesma prática (saber treinar/competir).
Não só de Cultura e estrutura/sistema vive o basquetebol em Espanha, as ações e trabalho têm ajudado ainda mais a incrementar as conquistas nesta modalidade. A titulo de exemplo a comunidad valenciana apresenta um número idêntico de atletas federados aos de Portugal no entanto, o nível qualitativo apresentado no minibasquete é claramente superior. Talvez, tal facto, decorra da estrutura, cultura, mas também dos programas implementados de forma pro-ativa pela federacion valenciana de baloncesto com vista à identificação e desenvolvimento de talentos desde o escalão de benjamin (U-10).
Portugal tem um longo caminho a percorrer nomeadamente nas estruturas de base para alterar o paradigma da prática do basquetebol e especificamente no minibasquete. Para tal, não basta replicar, é necessário conhecer e com sentido critico implementar estratégias que melhorem a qualidade da modalidade.
Daniel Branquinho